sexta-feira, 20 de julho de 2007

Leishmaniose: A doença do mosquito

O que é?


É uma doença parasitária produzida por um protozoário do género leishmania. É transmitida por um mosquito flebótomo infectado e é multissistémica, ou seja, afecta vários orgãos. Apresentam um quadro clínico variável, dependendo do grau de infestação, estado imunitário do hospedeiro (cão), tempo de evolução da doença e orgãos afectados.

Flebótomo transmissor

Leishmanias

As leishmanias são parasitas que apresentam duas formas evolutivas: amastigota no hospedeiro vertebrado (cão); e promastigota no hospedeiro intermediário (mosquito), sendo esta a forma infestante para o cão.
O ciclo evolutivo da Leishmania inicia-se quando o mosquito fêmea ingere sangue de um cão infectado. Vamos explicar melhor , a Leishmania circula pelo sangue do cão, ligada às suas células de defesa (macrófagos). Quando o mosquito fêmea ingere o sangue para se alimentar, fica infectado tornando-se no hospedeiro intermeiário do parasita.
No intestino do mosquito a Leishmania na forma amastigota transforma-se em promastigota, migrando depois para a faringe e aparelho bocal, onde permanece até à próxima refeição do mosquito. Este ciclo demora uma a duas semanas a completar-se, altura a partir da qual o mosquito poderá infectar outro cão.

Leishmanias vistas ao microscópio

Onde vivem os mosquitos?




Os flebótomos são mosquitos de tamanho muito pequeno, entre dois a três milímetros, passando facilmente pelas redes mosquiteiras utilizadas normalmente para protecção das casas. A sua distribuição está relacionada com o clima temperado/mediterrânico, caraterístico do nosso país.
No seu habitat natural as larvas desenvolvem-se em locais onde existe matéria orgânica em decomposição. Os aultos vivem em ambientes escuros, abrigados dos ventos e da exposição directa da luz, como sulcos das rochas e reentrâncias dos troncos de árevores. Algumas espécies já se adaptaram ao ambiente doméstico, vivendo desntro das casas, nos alpendres, estábulos e jardins, onde encontram alimento e protecção.
No geral, são fracos voadores e raramente se deslocam mais do que um ou dois quilómetros de distância, a nãoo ser que sejam transportados por correntes de vento.




Em Portugal




No nosso país exitem algumas áreas que são consideradas endémicas, ou seja, locais onde a doenças é muito comum, existindo um número de animais portadores, como é o caso do Alentejo, Lisboa e Vale do tejo, Alto Douro e Algarve.
Estas regiões são apenas uma referência geográfica da doença porque neste momento a doença está distribuida um pouco por todo o país.




Como se transmite




A forma mais frequente de contágio ocorre quando o cão é picado por um mosquito com Leishmania. Daí a importância de protejermos os cães com coleiras repelentes, quer estes estejam ou não da doença.
O contágio da cadela para os cachorros durante a gravidez (transmissão vertical), ainda não está devidamente documentado.




Patogenia




Quando um cão é picado, o grau de infecção depende da rapidez com que as células de defesa do cão reagem. Os macrófagos (células de defesa do cão) envolvem as leishmanias, fenómeno a que se chama fagocitose, e estas rapidamente se transformam em amastigotas. Este é o momento crucial, porque a segunda forma de evolução é muito resistente aos mecanismos de defesa do organismo, que não a conseguem destruir.
A partir daqui as leishmanias, envolvidas pelos macrofagos circulam no sangue e tecidos do cão, alojando-se nalguns órgãos mais específicos, provocando alterações e um quadro clínico muito variável. É certo que um cão com Leishmaniose tem as suas defesas diminuidas, o que o torna mais frágil e susceptivel a outras doenças.
O período de incubação, ou seja, o tempo desde que o animal é picado ate à manifestação dos sintomas, é muito variável, podendo ir de poucos meses, até 7 anos.




Reconhecer a picada




Normalmente os mosquitos escolhem as zonas com menos pêlo para se alimentar como é o caso das orelhas e focinho. Após a picada desenvolve-se uma reacção inflamatória no local. Esta lesão cutânea, semelhante às lesões que o mesmo parasita provoca nas pessoas, é um circulo rosa, rodeado de um anel de cor mais marcada.




Sintomas mais visíveis

  • Perda de peso progressiva e muito acentuada


  • Atrofia dos músculos temporais, caracterizada por uma magreza pronunciada dos músculos da cabeça


  • Aumento generalizado dos gânglios linfáticos


  • Coxeira mais intens nos membros posteriores


  • Manifestações cutâneas, normalmente, muito exuberantes – apresentam uma descamação seborreica intensa mais frquente no focinho; nariz mais seco, espesso e gretado, sobrecrescimento das unhas, pêlo de má qualidade, seco, baço e quebradiço


  • Feridas que teimam em não cicatrizar


Sintomas menos visiveis



  • Insuficiência renal, mau funcionamento do rim glomerulopatias


  • Insuficiência hepática, mau funcionamento do fígado


  • Lesões oculares


  • Transtornos gastrointestinais em que as diarreias são muito marcantes, com ou sem a presença de sangue


  • Vasculites, inflamação das paredes dos vasos sanguíneos


  • Perda de apetite


  • Prostração do animal


  • Alterações nas células sanguíneas


Tratamento



O seu tratamento não tem evoluído muito nos últimos anos. Continua a ser muito dispendioso, prolongado, com efeitos secundários graves a longo prazo, e nem sempre é eficaz.
As moléculas utilizadas no tratamento interferem com o metabolismo do parasita limitando o desenvolvimento das leishmanias. No entanto, o animal não fica completamente curado. Com o tratamento, as leishmanias ficam restringidas aos orgãos do sistema hematopoitico (gânglios linfáticos, baço e medula óssea), deixando de estar em circulaçao, o que diminui a probabilidade de disseminação da doença, pois se o cão for picado já não transmite o parasita ao mosquito.
A leishmaniose é uma doença crónica e progressiva, com uma taxa de mortalidade elevada. Porém, se diagnoticada numa fase inicial, pode ser controlada, melhorando a qualidade de vida do animal.






































































































1 comentário:

GIRAFINHA disse...

olá!

O ano passado estive cinco meses na República Checa, em Erasmus. Entretanto, a minha boxer Nina ficou doente com Leishmaniose, sofreu e morreu... Ninguém teve coragem de me contar antes de voltar a Portugal... Ainda no aeroporto Sá Carneiro, ao ver a minha família, a minha primeira pergunta foi: "como está a Nina?" Foi aí que soube de tudo... Foi aí que o meu mundo desabou... Agora quero outra/o boxer mas a minha família não quer que eu sofra outro desgosto... Mas eu sei que assim que tiver uma casa minha, terei uma ou várias boxers... Pois sou apaixonada pela raça!!!

Obrigada pelo post :)